Escrever melhor é ler e ler-se
Quando comecei a dar aulas sobre escrever, participando de uma grande equipe contratada para ensinar a fazer o que não sabia fazer – redação técnica – para todos os alunos do primeiro semestre da UFRGS, nós lemos uma extensa bibliografia sobre o assunto. A maior parte da bibliografia era americana – e também era a mais colorida e dinâmica de todas –, e os americanos tinham algumas unanimidades, como, por exemplo, uma lista de temas e um esquema prévio, e muito frequentemente sugeriam uma lista de prós e contras. Essa lista de prós e contras fazia certo sucesso entre alguns conhecidos professores de cursinho pré-vestibular, que simplificavam dizendo que a redação devia sempre expor os dois lados da questão: devia ter um parágrafo começando... por um lado..., e o seguinte devia começar... por outro lado... Eram as coisas mais chatas de ler na avaliação das redações do vestibular.
| Eu dei aula de redação alguns anos e falava nesse esquema prévio omitindo, é claro, essa coisa dos prós e contras. Até batia boca com colegas que achavam isso interessante: Isso é coisa de americano, que acha que só tem dois lados – o deles e o dos outros; a gente aqui nasceu sabendo que não pode ter certeza de coisa nenhuma. |