Quezia Oliveira
O minicurso Norma culta brasileira faz parte de uma iniciativa da Parábola Editorial de disponibilização online e gratuita de cursos na área de linguística. A oferta desses cursos se dá num contexto histórico de isolamento social em função de uma pandemia que acomete a sociedade contemporânea e demanda novas iniciativas de divulgação da informação e construção do saber. Responde, assim, à necessidade da população de se manter engajada em debates atuais de grandes temas de interesse sem necessidade de sair de casa.
Carlos Alberto Faraco, pesquisador e professor de língua portuguesa da UFRP e escritor de importantes obras na área de Letras/Linguística, realiza 5 encontros online que foram ao ar sempre às quartas-feiras. Neles, Faraco apresenta os conceitos de norma culta e norma-padrão, a confluência entre eles, incoerências na abordagem e constituição desses conceitos, sobretudo no cenário brasileiro. Para essas aulas, o professor faz um resgate histórico envolvendo a construção desses conceitos e fundamenta-os no quadro teórico da sociolinguística variacionista.
O curso traz à tona problemas e inquietações envolvendo o ensino atual de língua materna na multifacetada realidade brasileira, marcada essencialmente pela heterogeneidade linguística e cultural. Isso põe em questionamento também o ensino pautado prioritariamente pelo modelo atual de gramática normativa e na chamada norma-padrão, uma norma artificial e distante dos usos dos seus usuários, num ensino classificado como excludente e inadequado, por adotar uma variante como hierarquicamente superior às outras e por tomar a língua como homogênea.
A discussão do curso se pauta no livro Norma culta brasileira: desatando alguns nós. Entre os nós a serem desfeitos estão os equívocos por trás do conceito de norma, tanto culta quanto padrão, a confusão no tratamento desses conceitos, a mistura equivocada deles e a dificuldade de implementação da norma-padrão entre os brasileiros.