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Os 6 livros definitivos sobre análise do discurso

Os 6 livros definitivos sobre análise do discurso

Perguntamos ao especialista Sírio Possenti quais os livros sobre análise do discurso que ele considera indispensáveis

 

Segundo o Prof. Sírio Possenti é quase impossível organizar um ranking dos principais livros em análise do discurso, especialmente restringir duramente seu número.

 

Primeiro, um recorte: sem fazer juízo sobre as teorias, não incluo a semiótica e os estudos bakhtinianos, porque são teorias que existiram ou existiriam independentemente da análise do discurso.

 

Arrisco a dizer que as principais obras em análise do discurso são:

 

1. Semântica e discurso, uma crítica à afirmação do óbvio, de Michel Pêcheux (2009). Os comentaristas são unânimes em dizer que é a obra-prima do autor, para muitos o fundador da teoria. A obra é importante por dialogar basicamente com a filosofia e insistir no lugar da linguística na análise do discurso e pela concepção de sujeito configurada. Na edição brasileira, vale também pelos anexos, especialmente “Só há causa daquilo que falha ou o inverno político francês: início de uma retificação”. Aliás, o autor retificou sua obra continuamente, culminando com a “volta” à leitura em seus últimos trabalhos.

 

2. A arqueologia do saber, de Michel Foucault (2012) tem influência determinante em alguns programas de análise do discurso. Citada eventualmente por seguidores de Pêcheux, apesar das diferenças (sobre o sentido “oculto”, sobre a ideologia, sobre o corpus preferencial), é de certa forma a referência fundamental para muitos analistas de discurso, pelos conceitos que propõe e por alguns que permitiu elaborar (como o de “memória”).

 

3. Gênese dos discursos, de Dominique Maingueneau (Parábola Editorial, 2008) é fundamental para quem quer levar em conta o núcleo da obra de Pêcheux e de Foucault, numa retomada absolutamente original. Inclui mais história de longa duração do que outras obras, uma concepção de formação discursiva peculiar (mais tarde reelaborada), sugestões de metodologia claras e tratamento (um pouco por alusão) de um corpus “distante” e gigantesco.

 

4. Análise do discurso político; o discurso comunista endereçado aos cristãos, de Jean-Jacques Courtine (2009). Além de excelente guia metodológico (embora não muito seguido), promoveu uma leitura de Foucault “a partir” de Pêcheux que tem o mérito de não ser eclética e acrescentou conceitos importantes à análise do discurso, especialmente o de memória; defende e demonstra que um corpus diacrônico e heterogêneo é o que permite fazer a melhor análise do discurso.

 

5. Porque é acessível em português, mas também por ser ótima súmula da análise crítica do discurso, é fundamental a obra de Norman Fairclough, Discurso e mudança social (2001). Apresenta um conjunto de conceitos que a teoria considera fundamentais (a meu ver, um pouco ecleticamente) e análises que permitem verificar o alcance da teoria.

 

6. O Dicionário de Análise do Discurso, organizado por Charaudeau e Maingueneau (2012) é referência fundamental. Pretende cobrir todas as correntes para as quais a palavra “discurso” é central, mesmo que os conceitos sejam muito diferentes. Os redatores dos verbetes são autoridades reconhecidas, o que é uma rara garantia de qualidade.

 

Agora conheça as 6 obras mais procuradas em Análise do discurso no catálogo da Parábola:

 

1. Discurso & análise do discurso (Dominique Maingueneau, 2015) que expõe um conjunto variado de conceitos, retoma conceitos com larga tradição no campo e acrescenta outros em pé de igualdade, atenta a todas as questões que permeiam o discurso.

 

2. Estudos do discurso (Luciano Amaral Oliveira, 2013) é ideal para quem busca de embasamento teórico para se aprofundar em pesquisas sobre o discurso. Este livro ajuda a compreender melhor o pensamento de teóricos que se debruçaram sobre fenômenos do discurso e contém informações e reflexões sobre as contribuições de Foucault, Ducrot, Althusser e Bourdieu e de outros oito teóricos.

 

3. Doze conceitos em análise do discurso (Dominique Maingueneau, 2010) é uma demonstração de que a análise do discurso encontra-se em uma fase diferente daquela que se configurava nos escritos fundadores, que datam dos anos 1960, sem necessariamente abrir mão de suas teses fundamentais. Nesta obra Maingueneau privilegia reflexões sobre conceitos e métodos, que permitem ligar grandes hipóteses teóricas à infinita diversidade de manifestações da atividade discursiva.

 

4. Questões para analistas do discurso (Sírio Possenti, 2009) levanta problemas e indica respostas que a análise do discurso propõe para questões ligadas a temas como a leitura, o linguístico e o sentido, a relação entre discurso e texto, a enunciação, a autoria, o estilo, o acontecimento e o interdiscurso.

 

5. Análise do discurso (Francine Mazière, 2007) abarca e organiza as principais questões epistemológicas da análise do discurso e expõe seus conceitos mais fundamentais. Os leitores encontraram aqui uma reflexão sobre o enunciado e a enunciação, o texto e o contexto, a significação, o sentido e o uso, o corpus e o arquivo, o discurso, as formações discursivas e os gêneros.

 

6. Limites do discurso (Sírio Possenti, 2008) reúne ensaios pretendendo mais polemizar do que reafirmar teses consagradas. O ideal é lê-lo das duas maneiras ao mesmo tempo: como uma série de estudos sobre questões que interessam à análise do discurso (sentido literal, provérbios, paráfrase, construção de corpora, efeito de sentido etc.), mas também como um conjunto de variações sobre uma problemática única, projetada em diferentes espaços.

 

Sírio Possenti é graduado em Filosofia pela PUC-PR (1969), fez mestrado em Linguística na UNICAMP (1977) e doutorado em Linguística também na UNICAMP (1986). Atualmente, é professor titular no Departamento de Linguística da UNICAMP. Atua em diversas áreas da linguística, com ênfase em teoria e análise linguística, principalmente na subárea da análise do discurso, em especial nos campos do humor e da mídia.

 

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