O-professor-e-o-analfabetismo-funcional

 

 

Mês de outubro, sala de aula e muitas pessoas focadas nas folgas e feriados que acompanham as comemorações do período: dia das crianças dia dos professores. Diante das rotinas de trabalho e do cansaço provocado pela correria da vida, parece que essas datas comemorativas são como uma válvula de escape. Um meio de se desligar dos problemas. Mas quais problemas poderiam ser esses, já que lecionar é uma das profissões mais nobres? Fazendo uma análise crítica, nos deparamos com fatos desanimadores como o analfabetismo funcional, a violência, a desvalorização da categoria.

 

 

Violência

 

O índice de agressões contra professores dentro das salas de aula parece aumentar a cada ano. Em 2018, presenciamos atos de agressão física efetuados por pais de alunos, racismo e inúmeras violências verbais. O problema é um reflexo da sociedade. Não apenas o ambiente escolar, mas também as relações sociais estão abaladas.

 

O ambiente escolar, público, está sucateado. A infraestrutura deixa a desejar, a ausência de profissionais qualificados compromete a qualidade do ensino, as famílias não têm alicerce que dê suporte à formação dos filhos. Esses aspectos aumentam as perspectivas de violência, pois existe a sensação de superioridade e impunidade que leva as pessoas a se tornarem “valentes” e a afrontarem aqueles que consideram inferiores. 

 

 

Desvalorização 

 

Todos sabemos que a categoria é uma das mais mal pagas em nossa sociedade. Esse é um dos principais pontos levantados quando pensamos no tanto que devemos comemorar o dia dos professores. 

 

Essa desvalorização financeira gera um ciclo de insatisfação e faz com que a desvalorização social também aconteça. A ausência de planos de carreira, salários parcelados e congelamento de investimentos na educação levam o mercado formador a ter menos procura. 

 

Outro déficit que temos é o que podemos chamar de desvio de função. Há áreas em que não se tem a quantidade necessária de profissionais formados. Isso leva as instituições de ensino a remanejarem o professor com formação “x” para lecionar a disciplina “y”. Assim temos profissionais ensinando o que não dominam e alunos aprendendo pela metade. Assim, temos menos profissionais sendo formados e, consequentemente, essa falta de interesse leva as instituições de ensino superior a investirem menos em licenciatura e a formarem profissionais menos estruturados.

 

 

Formação e analfabetismo funcional 

 

A formação de professores passa por uma indesejada defasagem. A procura por essa profissão diminuiu, com isso, o interesse em entender as demandas da área também. 

 

Outro aspecto preocupante é o analfabetismo funcional. Apesar de tecnicamente alfabetizados, alguns indivíduos que buscam o ensino superior possuem limitações em compreensão textual e realização de cálculos matemáticos.  Em pesquisa realizada pelo Instituto Paulo Montenegro e pela Ação Educativa (Indicador de Alfabetismo Funcional - Inaf), no ano de 2016, apenas 8% da população brasileira – os entrevistados tinham entre 15 e 64 anos – eram plenamente capazes de entender e argumentar corretamente. 

 

Com isso, profissionais formados na atualidade não têm preparo para lidar com a sala de aula. É como se as práticas de ensino estivessem estagnadas há décadas. Ensinar a um futuro professor a teoria não garante que na prática ele conseguirá aplicá-la, pois o que é aprendido na academia nem sempre é condizente com a realidade na qual o professor irá atuar.

 

Os itens citados acima funcionam como uma engrenagem. Cada um desses elementos torna o outro mais determinante. Mas não podemos desanimar. Em meio a essas tristezas, existem fagulhas de esperança quando pensamos em avanços que aconteceram na área. 

 

Temos de seguir lutando pela criação e implementação de políticas públicas que transformem esse cenário.  

 

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