Situação dos professores no Brasil: autoestima e valorização profissional

Espécie em Extinção (epílogo)

 

Este é o terceiro texto no qual me atenho à situação dos professores no Brasil. No primeiro artigo, expusemos dados e as condições gerais do magistério hoje no país; no segundo, enfrentamos as péssimas condições de trabalho que têm espantado gente boa da sala de aula. Agora, neste epílogo, vou falar da autoestima de nossos professores. Ou do que restou dela.


Fazer chacota de professor virou moda no Brasil nas últimas décadas. Se, sob a alegação de que o humor é uma forma de denúncia que chama a atenção para a condição triste de nossos professores, as diversas escolinhas malucas da televisão procuraram, de boa fé, denunciar as mazelas do magistério, parece que o tiro saiu pela culatra. Os “professores-Raimundos”, mal pagos e sofredores, se multiplicaram na cabeça da população não na forma de uma espécie a ser salva, mas na forma de uma espécie condenada. Não poucas vezes, vi, em atividades culturais da escola, arremedos da “Escolinha do Professor Raimundo” em que os alunos faziam grotescas imitações de seus próprios professores, desrespeitosas sátiras de seus mestres, como se eles não fossem dignos de qualquer respeito.